
A maior rede de revendas agrícolas do País está próxima de obter um alívio bilionário. Depois de meses de conversas com fornecedores, a Lavoro conseguiu avançar nas negociações nas últimas semanas e está perto de um acordo, apurou The AgriBiz.
As negociações abrangem um conjunto amplo de fornecedores, incluindo multinacionais de defensivos agrícolas. Pelo teor das conversas, a reestruturação do passivo da Lavoro envolve um alongamento dos vencimentos por um prazo que supera bem mais de uma safra, disseram três fontes.
A ideia é que a Lavoro saia deste processo com a estrutura de capital organizada para se recuperar gradualmente, sem a necessidade de novas repactuações na frente. Por isso, rolar o passivo por apenas uma safra não era uma opção — isso significaria adiar o problema sem resolvê-lo.
O espírito dos envolvidos nas negociações é evitar uma crise ainda maior na cadeia de distribuição de insumos, sobretudo após o traumático processo de recuperação judicial da Agrogalaxy — deflagrado em 18 de setembro, às vésperas do plantio da última safra de soja.
Desta vez, o clima é de mais colaboração, ainda que as conversas sejam naturalmente espinhosas. “A postura do Pátria foi impecável”, narrou um fornecedor relevante. A gestora de private equity que controla a Lavoro vem atuando ativamente, fazendo o meio campo com os bancos.
Nesse processo, a Lavoro mantém conversas separadas com bancos e fornecedores, assessorada pela Alvarez & Marsal. As negociações com os primeiros parecem mais simples, até por envolverem um passivo menor, em torno de R$ 1,2 bilhão — considerando os últimos dados financeiros disponíveis.
O maior desafio reside na relação com os fornecedores, um elo essencial para a sobrevivência de qualquer revenda. Em 31 de setembro, o passivo de curto prazo da Lavoro com fornecedores passava de R$ 4,2 bilhões.
Desde o início, as conversas nunca foram triviais. Nem todos os fornecedores aderiram e alguns dos nomes mais conhecidos da indústria de defensivos recusaram a abordagem, disseram duas fontes. Mesmo assim, a Lavoro está angariando o apoio de credores que detêm a maior parte do passivo.
Ao que tudo indica, a renegociação se tornará oficial sob a forma de uma recuperação extrajudicial, um processo bem menos traumático que uma recuperação judicial. Nesses casos, a companhia precisa da adesão de credores que representem mais de 50% das dívidas para protocolar um acordo na Justiça, arrastando os demais credores.
Em uma recuperação extrajudicial, não há assembleia de credores. Basta a homologação do juiz.
Procurada, a Lavoro não comentou.