Nesta sexta-feira de frio e chuva em São Paulo, representantes do setor de distribuição de insumos reforçaram o barter como uma ferramenta capaz de espantar o clima nublado que também ronda o setor. A resiliência desse instrumento, diante de um cenário de margens apertadas de produtores e taxas de juros nas alturas, é vista como uma saída para buscar um ambiente saudável na cadeia.
No caso da Agro Amazônia, rede de revendas controlada pela Sumitomo, a aposta é dobrar o volume de negócios feitos por esse instrumento já na próxima safra, afirmou o CEO da empresa, Roberto Motta, ao The AgriBiz na saída do GAFFFF, evento promovido pela XP e pela Datagro no Allianz Parque.
Durante painel sobre o tema, Motta ressaltou o papel do crédito como o coração da companhia, e afirmou que recentemente a rede de revendas fez mudanças em toda a política de crédito e de garantias para lidar com o cenário mais desafiador.
“Estamos focados em padronização. Hoje, temos presença em nove estados, que demandam realidades diferentes de produção e maquinário, por exemplo. Nossa metodologia é de planejar, fazer, checar, cobrar, agir e acompanhar em cada uma dessas regiões”, explicou.
A Agro Amazônia não é a única a apostar no barter em uma safra de crédito escasso e caro para o produtor. A goiana Duquima, por exemplo, passou a adotar o barter ao longo das últimas safras, por ser um instrumento resiliente diante do cenário de recuperações judiciais, afirmou Antônio Jorge Ferreira Júnior, diretor comercial da revenda.
Até mesmo para quem atua fora do circuito tradicional de soja e milho, o instrumento tem se tornado uma prioridade.
É o caso da Olim, rede de revendas de Jacinto Machado (SC), que vende principalmente para produtores de arroz no sul do País — com um porte tão variado quanto as compras que vão de R$ 5 mil a R$ 2 milhões. A empresa tem um faturamento na casa de R$ 600 milhões.
Sem um preço fixo para a cultura, a empresa aplica esse instrumento sob uma lógica diferente. Com um relacionamento de cerca de 1.200 produtores, a empresa gera um crédito para o produtor fazer a safra e coloca um prazo para que ele pague em espécie aquilo que adquiriu.
Vencido o prazo, o grão que está no armazém da Olim é travado no preço do grão daquele dia. Para incentivar os produtores a aderirem a esse tipo de financiamento, a revenda considera um prêmio de 5% a 7% sobre o valor do produto na data de fechamento do contrato.
“Quem entregar o grão para nós sempre vai receber um valor maior do que o preço público. Se o preço do arroz está R$ 70, ele vai receber R$ 74, R$ 73. O barter possível nesse mercado é o barter do presente”, diz Maurício Mondo, sócio da Olim Agro Cereais.