Venture capital

SP Ventures lidera rodada na mexicana Blooms, a fintech dos hortifrútis

Startup mexicana quer resolver problemas dos exportadores de frutas e vegetais, oferecendo soluções de liquidez, câmbio e pagamentos

Avocado México Blooms

Cinco meses após levantar US$ 22 milhões para seu terceiro fundo de venture capital, a SP Ventures acaba de fazer o primeiro investimento do novo veículo, numa aposta na força dos empreendedores do México — o segundo maior país da América Latina, com mais de 128 milhões de habitantes.

Em uma rodada seed liderada pela SP Ventures, a fintech mexicana Blooms captou US$ 2,6 milhões (o equivalente a R$ 14,7 milhões) para desenvolver uma plataforma capaz de agilizar as exportações de hortifrútis — que, por definição, correm contra o tempo.

A partir de ferramentas financeiras municiadas por inteligência artificial, a startup quer oferecer soluções de liquidez, câmbio e pagamentos.

Mesmo com a guerra tarifária, a maior oportunidade da Blooms está no potencial de eliminar as fricções e complexidades para exportar frutas e vegetais aos Estados Unidos, um mercado bilionário que não para de crescer. Nos últimos anos, a fatia de importados sobre o total de hortifrúti nas prateleiras disparou, tornando o país mais dependente das compras do exterior.

“Os EUA são o maior mercado de frutas e legumes do mundo. O americano consome US$ 100 bilhões por ano de produtos frescos. E, por restrições causadas pelo clima e por mudanças no mercado de trabalho, a produção por lá tem caído nas últimas décadas. A tal ponto que, hoje, entre 60% e 70% das frutas e vegetais frescos consumidos nos EUA são importados”, disse o fundador da Blooms, Francisco Meré, o Paco, ao The AgriBiz.

Mente por trás da Blooms, Paco é um empreendedor serial e investidor com larga experiência no setor financeiro no México — entre outros, fundou o Bankaool, um dos primeiros bancos digitais do país.

Agora, ele se volta ao agronegócio, que, assim como no Brasil, também é um vetor importante da economia mexicana.

“A demanda é muito resiliente, e não há perspectiva de mudança no futuro em termos de diminuição da dependência externa dos EUA. São tendências irreversíveis, e abrem uma oportunidade enorme para os exportadores”, completa.

Segundo o empreendedor, as soluções financeiras tradicionais não são projetadas para dar suporte ao comércio cross border: “O que fazemos é usar IA para oferecer um serviço melhor e mais rápido, que possa oferecer melhores ferramentas de comércio”.

A empresa promete endereçar ainda outras questões com suas soluções, como reduzir o desperdício de comida e as ineficiências em processos e contribuir para uma melhora nos preços ao consumidor nos EUA e no Canadá.

A ideia da startup, que já opera no México, é usar os recursos desse primeiro aporte para acelerar a operação na América Latina, em países como Peru, Colômbia e, claro, o Brasil.

Por que a SP Ventures investiu

Para a SP Ventures, a motivação para o investimento na Blooms é a capacidade do empreendedor, afirmou Francisco Jardim, fundador da gestora brasileira que atualmente conta com 32 startups no portfólio — oito delas são estrangeiras.

“A nossa decisão de investimento tem sempre como pilar número um a qualidade da liderança. Ficamos muito impressionados com o Paco. Ele tem uma trajetória no setor de serviços financeiros, financiando a exportação do agro mexicano”, disse Jardim.

Para a também mexicana Ariadne Caballero, sócia da SP Ventures, “a Blooms está solucionando um gargalo central na cadeia de valor do agro na América Latina: o acesso a ferramentas financeiras ágeis e justas. Este investimento se encaixa perfeitamente em nossa missão de apoiar empresas de agrifintech que promovam a segurança alimentar e a agricultura climática inteligente”.

Além da SP Ventures, o aporte na Blooms teve participações de investidores como Angel Ventures, The Yield Lab Latam, Eqwow Ventures, Glocal Managers e Mercy Corps Ventures, entre outros.