Repercussão

Para BRF, ação rápida do governo deve controlar gripe aviária

"O Ministério da Agricultura agiu prontamente. Isso nos leva a crer que esse evento deveria ser controlado num espaço curto de tempo", disse o CEO da BRF

Teste de gripe aviária

A reação rápida do Ministério da Agricultura ao foco de gripe aviária identificado em uma granja comercial no Rio Grande do Sul deve fazer com que esse evento seja controlado e superado em um curto espaço de tempo. A avaliação é de Miguel Gularte, CEO da BRF, a maior exportadora de carne de frango do Brasil.

“Não vamos subestimar a possibilidade de que isso tenha uma repercussão temporária (nas exportações), mas nós estamos trabalhando para que seja o mínimo possível”, disse nesta manhã em call com analistas.

O executivo lembrou que o País passou por uma situação semelhante no ano passado, após o registro de um caso da doença de Newcastle no Rio Grande do Sul.

“O Ministério da Agricultura agiu prontamente, como é o caso agora também, tomou as medidas de isolamento e de comunicação de forma transparente com todo o mercado. Isso nos leva a crer que esse evento deveria ser controlado num espaço curto de tempo.”

Gularte destacou ainda a condição privilegiada da BRF para “trafegar esse momento de uma maneira bastante isenta”. Ele citou a diversificação geográfica da empresa, com estoques de produtos em diferentes regiões, e ampla gama de clientes, destacando a abertura de 187 novos mercados nos últimos dois anos.

“Temos planos de contingência que, como funcionaram também na Newcastle, eu tenho seguro que vão funcionar agora nesse caso isolado no Rio Grande do Sul”, disse o CEO.

Regionalização

Na portaria 795 publicada hoje no Diário Oficial da União, o Ministério da Agricultura declarou estado de emergência zoosanitária no município Montenegro por 60 dias. A partir daí, o Ministério deve negociar com cada país para limitar os impactos comerciais.

Gularte lembrou que, no caso da doença de Newcastle, o governo foi bem-sucedido ao acertar com relevantes importadores a regionalização por estado — o que significa que apenas a carne do Rio Grande do Sul sofreria restrições.

“Essas negociações estão acontecendo neste momento. O que não temos nenhuma dúvida é que a sanidade brasileira é muito robusta e ela deve permitir que esse episódio seja superado num espaço de tempo curto”, reforçou o CEO.

Na Bolsa

Depois de abrir em forte queda, as ações da BRF (BRFS3) caíam 1% por volta das 11h. Mas o desempenho também pode ser atribuído ao anúncio de fusão com a Marfrig, na noite de ontem.

A partir de agora, o desempenho das ações das duas empresas deve seguir uma lógica de arbitragem, considerando detalhes da operação de ontem, como a relação de troca entre as ações e o valor dos dividendos anunciados. As ações da Marfrig (MRFG3) disparam mais de 20% nesta sexta-feira.

“Com base nos preços de fechamento de ontem, nosso cálculo preliminar sugere um valor justo de R$17,30 para as ações da BRF — cerca de 16% abaixo dos níveis atuais de mercado”, estimaram os analistas do BTG Pactual em relatório. Hoje, as ações da BRF são negociadas perto de R$ 20.

As ações da JBS (JBSS3), que também pode ter as exportações de aves a partir do Brasil afetadas por eventuais embargos às exportações de frango, operavam perto da estabilidade por volta das 11h.

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