
A Synap, plataforma de revendas da Syngenta, desembarcou de vez do Sul. Depois do acordo com a Olfar Agro para transferir as revendas no Rio Grande do Sul, a vertical repetiu o processo no Paraná e Santa Catarina. Dessa vez, quem assume a operação é a tradicional cooperativa LAR, assumindo 19 lojas à sua operação nos dois estados.
Nesse modelo, a Syngenta cede a operação das revendas em troca de um pagamento nos moldes de um arrendamento, em um prazo determinado. Os detalhes a respeito dessa dinâmica ainda são escassos, principalmente porque o processo ainda está sob julgamento do Cade.
Em entrevista ao The AgriBiz, o presidente da divisão de proteção de cultivos da Syngenta, André Savino, explicou as razões para a saída da operação de distribuição de insumos na região Sul.
Segundo ele, o movimento de consolidação de revendas que originou a criação da Synap — com players como Agrogalaxy e Lavoro realizando uma série de aquisições — se transformou nos últimos anos. Agora, a estratégia defensiva da Syngenta para proteger seu acesso a mercado não faz mais sentido.
“O que a gente vê hoje no Sul? Não temos mais esse movimento de consolidação. Não vemos essa tese de disrupção do mercado como uma tese válida. Então, continuar crescendo apostando numa estratégia de defesa onde a gente não vê mais risco nenhum não parece ser o melhor dos movimentos”, justificou Savino.
Isso não significa que a Syngenta abandonou qualquer estratégia de defesa de mercado no Sul, mas a abordagem pode ser mais leve — inclusive em capital empregado. Para isso, a companhia firma acordos comerciais para fornecer produtos (muitas vezes, com exclusividade) para revendas parcerias.
“Continuo tendo uma âncora como uma estratégia de defesa pontual, mas não faz muito mais sentido competir na ponta com parceiros nossos como cooperativas e revendas”.
Por enquanto, esse modelo está restrito Sul. Nas demais regiões, a Synap continua operando uma rede de revendas. “Nas demais regiões, a gente precisa entender melhor como essa dinâmica vai acontecer”, ressaltou Savino.
Nos estados do Matopiba, Mato Grosso e Rondônia, a Syngenta ainda vê potencial para crescer e avançar em sua estratégia de distribuição. Segundo Savino, a prioridade é ter uma ampla presença geográfica, com cada loja cobrindo, em média, de cinco a oito municípios vizinhos.
Atualmente, a Synap mantém revendas no Mato Grosso do Sul, com a Agro Jangada e, no Cerrado Mineiro, com a Agrocerrado, bem como lojas da Produtécnica e da Dipagro. Ao todo, são 50 lojas sob gestão da divisão (já descontando desse cálculo as 19 lojas que serão transferidas à LAR após a aprovação do Cade)
“Nosso foco é assegurar que nossas tecnologias cheguem ao produtor. A Syngenta possuio um quadro de pessoas altamente gabaritadas no varejo. Com a musculatura da companhia, conseguimos enfrentar fortemente toda essa volatilidade de mercado”, destacou o executivo.
Mesmo com as dificuldades que as revendas agrícolas enfrentaram nos últimos dois anos, a Synap vem conseguindo manter uma boa relação com os fornecedores de insumos, mas não apenas.
Em algumas regiões, a Synap ganhou participação de concorrentes que estão em dificuldade financeiras, disse Savino, sem abrir detalhes.