
RIBEIRÃO PRETO (SP) – Um ano depois de anunciar o primeiro Fiagro com dinheiro estatal, o governo de São Paulo usou a Agrishow mais uma vez como palco para anunciar outro pacote de financiamentos ao agronegócio: uma linha de incentivo para a compra de maquinário, com juros abaixo dos de mercado.
Chamada Agromáquina, a linha começa com R$ 50 milhões. Os recursos virão integralmente da Desenvolve SP, a agência de fomento do governo paulista. Por enquanto, apenas uma empresa está habilitada para oferecer as condições diferenciadas do programa na compra de máquinas — a fabricante de implementos agrícolas Baldan — e a Coopercitrus.
A linha de financiamento se destina, de modo geral, a produtores rurais, pessoa física ou jurídica, com faturamento anual entre R$ 81 mil a R$ 300 milhões. “Na nossa análise preliminar, oito em cada dez clientes paulistas da Baldan são elegíveis a esse novo financiamento”, disse Wolney Netto, CFO da Baldan, ao The AgriBiz.
Na mecânica da operação, a revenda faz a ponte com a equipe de crédito da própria Baldan, que realiza uma pré-análise dos clientes e repassa alguns documentos previamente elencados pela Desenvolve SP para que o cliente consiga acessar o financiamento. Não há bancos como intermediários, explicou Netto.
O dinheiro poderá ser usado apenas para comprar máquinas e equipamentos novos que não constituam um projeto, como tratores, colheitadeiras e máquinas agrícolas para pulverização e adubação.
O governo vai financiar até 80% do valor final de compra desses equipamentos, se limitando ao máximo de R$ 5 milhões. O prazo de pagamento é de 60 meses, com periodicidade mensal, trimestral, semestral ou anual.
Na Baldan, os equipamentos usualmente comprados pelo produtor paulista têm um intervalo grande de preços, indo de R$ 30 mil até R$ 1 milhão — tudo depende da necessidade de cada agricultor.
“É mais uma alternativa para que produtores consigam renovar seu parque de máquinas e atuar com equipamentos novos de preparo de solo, de cultivo, plantio e pulverização”, ressalta Netto.
As taxas de juros começam em 12,81% e vão até 16,87% ao ano. A taxa é uma combinação que considera o rating da companhia (ou do produtor), tamanho da empresa (ou do produtor), somada ao índice de desenvolvimento do município em que ele está localizado.
A ideia é que, se o produtor está localizado num município que tem um índice de desenvolvimento menor, ele teria acesso a uma taxa mais atrativa. Com isso, o governo busca diversificar os investimentos para além do eixo São Paulo-Campinas.
Os recursos já estão disponíveis. “Se o produtor quiser passar hoje no estande e quiser fazer uma compra nessa nova linha, já é possível”, afirma Netto.
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Além do financiamento à compra de máquinas, o governo paulista mencionou, durante entrevista coletiva durante a Agrishow nesta manhã, outras iniciativas, mas sem detalhes de como cada um deles vai funcionar.
Entre elas, estão o programa Irriga Mais, que deve disponibilizar R$ 200 milhões em crédito, e outra linha chamada Mulheres Agro.
A Desenvolve SP também anunciou a criação de outro FIDC, estruturado em parceria com o BTG, voltado ao setor de biocombustíveis. Com valor estimado entre R$ 120 milhões e R$ 150 milhões, o fundo terá foco em projetos de sistemas de irrigação e produção de bioinsumos para cana-de-açúcar.
Na Agrishow, o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Jorge Lima, mencionou que o Fiagro do governo paulista deve chegar até R$ 2 bilhões no fim do ano.