
Há dois anos, um grupo de grandes agricultores decidiu fundar uma empresa voltada a uma atividade na qual eles já empenhavam um grande esforço: importar defensivos agrícolas. Foi assim que nasceu a Agrilean, que tem entre os 34 sócios nomes como Alexandre Schenkel, do Instituto Brasileiro do Algodão, e Sérgio Pitt, liderança agrícola na Bahia.
“Produto é cada vez mais uma commodity, com 60% do que o produtor usa já representando produtos sem patente. Existem fabricantes muito bons na China e na Índia e sabemos quem tem mais qualidade nesses países”, explica Jones Yasuda, diretor geral da Agrilean, executivo com mais de 35 anos de experiência no mercado de defensivos.
A empresa já trabalha como importadora de 50 princípios ativos que já tenham registro no Brasil, voltados às culturas de soja, milho e algodão. Até aqui, a comercialização foi feita principalmente para os sócios, que juntos cultivam cerca de 650 mil hectares. A Agrilean também chegou a vender defensivos a outros 100 produtores, elevando a área atendida para 2 milhões de hectares. No ano passado, o faturamento atingiu R$ 200 milhões.
Agora, o objetivo é ampliar o alcance, fortalecendo os canais próprios de distribuição. Para isso, junto com a formação da Agrilean, foi criada uma empresa-irmã, chamada Jotew. O nome vem das iniciais dos sócios executivos, todos funcionários da Agrilean (Jones Yasuda, Odair José de Aguiar, Tacia Vieira, Elaine Lopes e Willian Santos).
“Por essa plataforma de atendimento, franqueamos os produtos na rede de distribuição via cooperativas no Sul do Brasil e por venda direta no Cerrado”, explica Evandro Sasano, executivo à frente da divisão e conhecido de longa data de Yasuda.
O foco é aproveitar a experiência adquirida dos sócios para chegar a cada vez mais produtores, uma vez que a ponte com os fabricantes chineses de insumos já está estabelecida. Os executivos à frente da Agrilean já mapearam mais de 70 moléculas novas sendo desenvolvidas no país asiático.
Combatendo o caruru
Depois de testar o modelo de negócios nos dois últimos anos, a Agrilean se prepara para capitanear a volta ao Brasil do Lactofem, um herbicida dos tempos anteriores à popularização da soja transgênica que é visto como uma alternativa para combater o caruru — erva daninha que vem se tornando um problema cada vez maior nas lavouras de soja, milho e algodão.
De acordo com dados da Embrapa, o caruru pode reduzir a produtividade do milho em mais de 91%, percentual que é de 79% na soja e de 77% no algodão. O que mais preocupa é que a planta vem se tornando cada vez mais resistente à aplicação de glifosato, principal tipo de herbicida usado no País.
Não seria a primeira vez que um comeback desse tipo acontece no agronegócio: o Mancozebe, usado para a ferrugem da soja, foi lançado recentemente — e é um produto originalmente dos anos 1960.
Há algumas outras iniciativas em curso no País para combater o caruru, mas ainda não há uma unanimidade a respeito da forma como se deve combater essa erva daninha.
Uma das soluções é o uso do Fomesafem — útil para a soja transgênica mais popular no País — explica o professor Rafael Pedroso, da Esalq-USP. “Existem ainda outras variedades mais recentes de soja transgênica, com uma tecnologia que suportaria a aplicação de outros herbicidas. Mas hoje temos uma pequena área no Brasil com essas sementes”, afirma.
Pedroso se refere a duas tecnologias: a I2X e a Conkesta, tolerantes ao Dicamba e ao 2,4-D, respectivamente. “De toda forma, é uma planta daninha muito agressiva, que cresce muito rápido. É uma planta pequena, que dissemina facilmente, cujo controle tem de ser feito o mais cedo possível”, explica o professor.